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Episódio 1

Quinta do Pinto

Na Quinta do Pinto, o vinho vale mais “um pinto”. Não iremos, certamente, pedir que escolha cara ou coroa, mas é certo que vamos começar esta história a falar de moedas. E já vai perceber porquê. Ao longo dos tempos, uma só moeda permitiu comprar diferentes elementos. Dez cabras, dois tijolos, uma chiclete… Quando a família Cardoso Pinto se apaixonou pela outrora Quinta do Anjo, o vinho que ali se fazia valia mais do que uma antiga moeda portuguesa. “Valia mais um pinto, mais um vintém”, conta-nos Rita Cardoso Pinto, a atual administradora da propriedade “aclamada por fazer vinhos que valiam algo mais, vinhos superiores na região”. Pura coincidência, mas bastante feliz, o nome de família ser Cardoso Pinto. Melhor não podia ter calhado. E assim nasceu a Quinta do Pinto.

António Afonso Lasso de la Vega Cardoso Pinto, o impulsionador deste projeto, seguiu uma paixão de família, “a paixão de voltar a pôr na terra o que vinha da terra”, começa por explicar a filha Rita. Foi esta paixão que o levou, em 2003, a procurar um “tecto comum para a família num meio agrícola, que fosse próximo de Lisboa”, continua. Encontrou-o em Alenquer, uma das nove denominações de origem da Região dos Vinhos de Lisboa e a primeira que fomos visitar e conhecer nesta viagem pela Alma dos Vinhos de Lisboa, na companhia da All Aboard Family.

António Cardoso Pinto apaixonou-se pela propriedade na primeira vez que a visitou. E não é para menos. A agora Quinta do Pinto era um solar do século XVII, vizinha de uma adega alvenaria, com solos ricos graças à exposição a sul – que beneficia da influência atlântica – e um historial de qualidade de vinhos já ali produzidos. Foi o local escolhido para reunir a família numa relação próxima com a terra e, como consequência direta, para construir um ambicioso projeto com o entusiasmo e dedicação de toda a família, do pai e avô aos netos.

Quando este tecto comum tem uma propriedade agrícola desta dimensão, há que rentabilizar e há que dar resposta ao que esta terra é boa para se fazer. E assim nasce o vinho na Quinta do Pinto

Quinta do Pinto
Quinta do Pinto
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A “empreitada vitivinícola”, como lhe chama Rita Cardoso Pinto, começou de forma natural: como uma maneira de dar resposta ao que “a terra é boa para…”. E esta terra era boa para vinhos. Nasceu um projeto familiar que hoje vai na terceira geração. Os netos já participam nas vindimas e tudo indica que há futuro em vista. “Todos sentem muito o projeto como deles e isso dá-nos gosto. O sonho do meu filho era ser tratorista. Uma sobrinha minha punha o dedo no vinho quando era pequenina e nós dizíamos ‘temos enóloga!’. Um tratorista e uma enóloga? Está garantida a próxima geração”, conta entre risos.

“É um espaço de que eles [os netos] desfrutam enquanto crianças, mas onde há uma atividade que lhes diz algo também”

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    Na Quinta do Pinto vive-se, “naturalmente”, em torno do vinho. “É o grande motor da diversão, da atração da quinta”, assegura Rita Cardoso Pinto. As portas estão abertas para visitas que vão além das vindimas e das provas de vinho (que, diga-se desde já, são imperdíveis!). Uma visita à Quinta do Pinto é “a vivência de um dia no campo”.

    Na vinha, onde tudo começa, veem-se as uvas, poda-se, levanta-se o arame… “Tudo isso o nosso rancho faz e, portanto, podem participar nessas atividades”, esclarece. São atividades não tão conhecidas que ocorrem na viticultura. Depois, dentro da adega, continua-se esta viagem pelo mundo dos vinhos. Da seleção dos cachos, provas dos mostos – que são os sumos antes de fermentar –, prova dos vinhos de cuba até à prova em si, a dos vinhos engarrafados.

    Quinta do Pinto
    Quinta do Pinto
    Quinta do Pinto

    “Há uma parte também engraçada, em que cada um pode fazer o seu lote e depois escolhemos entre nós qual é o vinho, o lote, mais interessante. É uma disputa engraçada e aprende-se muito. Desafia os nossos sentidos, o olfativo, a prova”

    Por detrás de uma garrafa de vinho há todo um trabalho e é na visita a esta propriedade vitivinícola que ensaiamos e percebemos realmente o nascer de um vinho. “Acho que é relevante que as pessoas entendam que o vinho tem todo um percurso”, explica Rita Cardoso Pinto. Para acompanhar a visita, há almoços, piqueniques, passeios de bicicleta, de kart ou de jipe pela vinha. “Há muitas formas de se entreter aqui na quinta”, desafia Rita Cardoso Pinto. Não faltam planos para um dia bem passado.

    Quinta do Pinto
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    Fica a nossa sugestão: aproveite a passagem pela Quinta do Pinto e deixe-se encantar pelas ruas típicas da vila de Alenquer. Para conhecer mais e melhor a história vitivinícola da região, visite o famoso Museu do Vinho. Ao lado, tem o imperdível Museu Damião de Góis e das Vítimas da Inquisição, uma homenagem ao humanista da terra, que nos traz uma perspetiva completa e bem documentada da época de perseguição religiosa e de intolerância cultural em Portugal. Prepare-se para viajar no tempo e aprender (muito!) sobre a narrativa do País.

    “É uma região que vale a pena visitar e há muito que fazer. Não só nos vinhos como aqui à volta. É sempre um dia bem passado e um dia descontraído. São muito bem-vindos”

    Nos sessenta e três hectares de vinha da Quinta do Pinto, há uma expressão muito clara das castas da região – Arinto, Fernão Pires, Tinta Miúda, Castelão… –, escolha natural como produtor da região de Lisboa, de Alenquer. Mas há também uma fração de outras castas portuguesas, de outras regiões, e de castas internacionais, nomeadamente castas francesas, um gosto particular e irreverente de António Cardoso Pinto. “Houve aqui um experimentalismo ao trazer estas castas para a região e, de facto, estas castas adaptaram-se aqui muito bem”, explica a atual administradora. “A particularidade dos nossos vinhos é que nós fazemos esta junção, das castas típicas de Lisboa com os vinhos franceses”, acrescenta.

    As vinte e sete castas da Quinta do Pinto, entre tintas e brancas, plantadas em modo de produção integrada e cultivadas sob a filosofia de uma viticultura sustentável, permitem “27 hipóteses de fazer combinações”, expõe Rita Cardoso Pinto. O resultado está “ao sabor”: “Lotes, blends, muito particulares.”

    Quinta do Pinto

    “Os vinhos portugueses são muito ricos e são muito, tradicionalmente, feitos à base de lotes. É um bocadinho como a música. Temos um solista que tem de ser um Pavarotti desta vida. Depois temos uma onda mais acústica. E depois temos uma orquestra. O lote é um bocadinho como uma orquestra, em que há vários instrumentos e todos em harmonia”

    O segredo do vinho da Quinta do Pinto: “São vinhos que são feitos com muito amor e carinho. São vinhos ricos em aroma, estruturados e cheios de boca. Têm uma frescura e uma acidez natural, que é expressão desta proximidade atlântica. E são vinhos que têm o cunho de um estilo muito típico da Quinta do Pinto. É um estilo muito próprio e que é elevado, sustentado, por estar nesta região. São vinhos com carácter, com alma. Este é que é o segredo.”

    A sugestão da Quinta do Pinto: “Há um carinho muito particular que a casa tem por um vinho monocasta feito de Tinta Miúda, que é uma casta antiga da região de Lisboa. É uma vinha velha que nós temos, que tem 47 anos. Fazia parte do ADN da casa quando comprámos esta propriedade e nunca a abandonámos. É importante preservar o que é local, preservar uma casta que é daqui e, portanto, é um vinho que nos é muito querido. E é um vinho difícil, o que é engraçado. É um vinho com personalidade difícil. Precisa de tempo de garrafa. É importante para nós percebermos que nem tudo na vida tem de ser pronto já. Há coisas pelas quais nós temos de esperar. E a Tinta Miúda exige-nos essa espera. Portanto, é um vinho que nos desafia. Na sua acidez, na sua prova e depois no seu desenvolvimento. É um vinho que interage e que nos impacta.

    Review

    Uma quinta familiar cheia de tradições que nos recebeu como se de família se tratasse. É de coração cheio e de orgulho ao peito que Rita e Ana falam do seu projeto. Sabendo de antemão que o nosso amor pelo vinho é algo ainda crescente não deixaram que isso influenciasse a nossa visita. De termos menos técnicos para compreendermos a linguagem fizeram-nos viajar nos sabores e aromas dos seus vinhos. A prova de vinhos por si só é uma enorme experiência onde podemos expressar por palavras tudo o que sentimos ao provar cada uma das suas criações. Além da hospitalidade e da qualidade dos vinhos que ali se produzem a quinta é um lugar extraordinário para passar tempo a dois ou em família. Ah, e é obrigatório provarem o bacalhau com natas, é uma verdadeira delícia!

    Quinta do Pinto

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