A dez minutos da capital e há várias gerações na mesma família, a histórica Quinta das Carrafouchas produz com dedicação vinhos com castas típicas da região de Lisboa.
Este negócio, com várias gerações, corre nas veias de toda a família, que faz da Quinta um espaço de convivência e de produção de vinhos de elevada qualidade. São pai e filha quem nos recebe com grande hospitalidade num solar barroco em Santo Antão do Tojal, a poucos minutos de Lisboa. A conversa flui com vida e com muitas histórias, contadas com orgulho pela voz de António Maria Canas Henriques da Silva, coproprietário da quinta, e pela filha, Maria Madalena.
Na companhia da All Aboard Family, conduzidos pelos dois anfitriões, viemos conhecer a Quinta das Carrafouchas.
Não existe qualquer documento que permita reescrever com rigor a história da Quinta das Carrafouchas, construída no princípio do século XVIII. Em 1879, a propriedade é comprada ao Marquês de Valada por Joaquim Franco Cannas, bisavô do atual coproprietário, mantendo-se na família até ao presente.
Licenciada desde 1932, só a partir de 1954 começou a produzir vinho branco, na altura, vendido a granel. A propriedade foi restaurada, anos mais tarde, pelo avô de António Maria, passando a família a usufruir da casa e dos jardins. “Casou-se cá a minha avó, os meus pais, tios e eu própria. Portanto, nós vivemos muito a quinta”, descreve a filha, Maria Madalena.
Reza a história que, nas Carrafouchas, viveu o general Junot, primeiro duque de Abrantes e primeiro ajudante de Napoleão Bonaparte, durante as invasões Francesas. Terá tido um romance com a condessa de Ega, à época proprietária da quinta. “São várias as histórias que fomos ouvindo e descobrindo”, desvenda a filha do coproprietário.
Nos séculos XIV e XV, a região de Loures e do Oeste fornecia a Lisboa todo o tipo de produtos de origem agrícola, desde o vinho ao azeite, do leite aos hortícolas, recorda António Maria. Atualmente, a capital continuar a ser um grande mercado de venda dos vinhos: “Há restaurantes que fazem gala em dizer que têm vinhos de Lisboa. Lisboa tem vinhos.”
O coproprietário da Quinta das Carrafouchas considera que a propriedade tem como importante missão dar a conhecer os vinhos da região a todos quantos a visitam neste lugar tão especial, “um misto de ruralidade e de cidade, que tem belíssimos vinhos”.
A quinta acolhe festas, almoços e jantares, sempre com marcação prévia. Todos os anos faz as vindimas com turistas e começou agora a realizar casamentos. “Eu costumo dizer que é um passo de cada vez porque, às vezes, o passo pode ser muito grande e tropeçamos com facilidade”, explica. O futuro faz-se, há planos, mas é preciso tempo para os concretizar de forma plena, não esquecendo que este é um projeto familiar, com poucas pessoas para todo o trabalho.
A alma dos vinhos das Carrafouchas: O vinho da Quinta das Carrafouchas inspira-se no amor das suas gentes pela terra e pela arte de cuidar o vinho e a vinha. “A forma tradicional como fazemos o vinho, resulta de um legado dos nossos antepassados que nos chega até hoje pelas castas Tinta Roriz, Touriga Nacional e Arinto, a referência da nossa região.”
A alma é também a paixão de fazer aquilo de que se gosta, num “lugar de paz e refúgio”, sublinha. “Foi neste local, repleto de histórias em volta do vinho e do seu património, que criámos raízes, conferindo identidade e qualidade a cada garrafa de vinho que produzimos.”
Cofinanciado por