A paixão da família Baeta pelos vinhos, aliada ao enoturismo, continua a nutrir a alma desta adega com mais de duzentos anos de história.
No coração de Almoçageme, a Adega Viúva Gomes é a mais antiga da Região Demarcada de Colares. Foi quase no início dos anos noventa que a família Baeta, originária de Sintra, comprou este pequeno e histórico edifício com a fachada coberta por azulejos em tons de verde e branco, criado em 1808 por José Gomes da Silva.
Os atuais proprietários investiram na sua recuperação, preservando os traços do seu secular passado, quais “guardiões deste espaço e de toda esta história”, descreve José Baeta, um dos donos da adega. “Procurámos adaptar a modernidade da produção de vinhos à histórica tradição da Viúva Gomes.”
Reza a história que o nome da adega está associado à mulher do seu fundador, José Gomes da Silva, que terá falecido ainda jovem. A esposa assumiu o negócio e expandiu-o significativamente, passando a ser apelidada localmente como “a viúva do Gomes”. E assim ficou. “A Viúva Gomes é, ainda hoje, a marca que nós utilizamos nos nossos vinhos principais”, sublinha José Baeta.
No edifício histórico da adega, que poucas alterações sofreu ao longo dos anos, somos recebidos nesta visita, na companhia da All Aboard Family.
“Os ventos marítimos vêm dar-lhes acidez, vêm dar salinidade, algo que só conseguimos perceber quando os provamos”
Num projeto de sucesso que já atravessa gerações nas mãos da mesma família, a adega tem em vista criar novas vinhas. Depois de plantada a vinha de 2019, “vamos plantar outra, se tudo correr bem, em 2024”, revela o proprietário.
Mas nos seus planos também se inclui o enoturismo, como forma de rentabilizar o espaço e de levar os vinhos além-fronteiras, posicionando-os no mundo vinícola.
No âmbito das atividades enoturísticas, a adega Viúva Gomes é palco para inúmeras iniciativas, desde provas de vinhos, cursos e eventos vínicos, festas, exposições e iniciativas de animação variadas, com especial destaque para o engarrafamento feito pelo cliente.
A sugestão Viúva Gomes: Na história dos vinhos DOC Colares, “já Eça de Queiroz, n’Os Maias, falava no vinho de Colares com as queijadas de Sintra”, lembra José Baeta. A verdade é que a escolha não é fácil, pelo facto de serem vinhos particulares, com um caráter único no mundo.
Os brancos são vinhos com muita acidez, muito sal e pouca fruta, mas, “de alguma forma, muito complexos”. Acompanham bem pratos de peixes gordos e marisco. Já os tintos destacam-se por serem pouco encorpados, frescos e com acidez ligeira. Harmonizam com carnes de caça mais leves, como a perdiz ou o faisão. E com as famosas queijadas de Sintra.
A alma dos vinhos Viúva Gomes: “Tentar manter a tradição e sentirmos que somos os guardiões da adega, porque a adega fica e as pessoas passam.” É esta a alma destes vinhos, conclui José Baeta, recordando o quão importante é “mantermos a alma dos vinhos de Colares” para que não se perca um produto de excelência nascido no ponto mais ocidental do país.
Acompanhe, todas as semanas, na SÁBADO o projeto A Alma dos Vinhos de Lisboa. Torne-se um verdadeiro conhecedor das nove Denominações de Origem da Região Demarcada dos Vinhos de Lisboa.
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