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Episódio 5

Adega Cooperativa da Lourinhã

A Lourinhã é a única região demarcada exclusivamente para aguardentes vínicas em Portugal, com o selo DOC, e junta-se a outras duas regiões da Europa: Cognac e Armagnac. Da Adega da Lourinhã cada garrafa da famosa aguardente sai com alma própria.

É uma das mais famosas aguardentes do mundo e existe algo de misterioso e envolvente em todo o processo de produção desta bebida, que nasce na Adega Cooperativa da Lourinhã (ACL), mas leva a fama de Portugal além-fronteiras.

Na viagem pel’A Alma dos Vinhos de Lisboa, fomos visitar a icónica adega na companhia da All Aboard Family. Aqui descobrimos histórias do passado, ficámos a saber o muito que oferece no presente e desvendámos o que o futuro traz consigo.

Conta-se que esta aguardente vínica surgiu no período da invasão das tropas francesas, no século XIX. Numa tentativa de conhecer a sua história, a Adega Cooperativa investigou e percebeu que alguns soldados destilavam pequenos bagos para fazer aguardente branca, que tinha como finalidade curar feridas, descreve-nos Nádia Santos, assistente de administração da ACL.

Mas a história também une esta bebida ao mítico vinho do Porto, continua. Afinal, “os produtores do Douro deslocavam-se, há dois séculos, à região para ir buscar a aguardente branca que utilizavam para cortar a fermentação nos famosos vinhos do Porto”.

A adega nasce em 1949 com a produção de vinhos brancos leves. Depois foram produzidos alguns tintos, umas bagaceiras e um brandy. Foi apenas em 1992 que a ACL se dedicou exclusivamente à aguardente, quando a Lourinhã foi reconhecida como Região Demarcada de Aguardente Vínica de Qualidade com Denominação de Origem Controlada (DOC).

Ao entrar nas caves da Adega Cooperativa da Lourinhã, é impossível não sentir o quão especial é este lugar que mexe com os sentidos, não só dos que lá trabalham, mas de todos quantos a visitam.

Adega Cooperativa da Lourinhã

Na região da Lourinhã, maioritariamente rural e de produção agrícola, a proximidade ao mar, a temperatura e os ventos criam as condições ideais para se conseguir um produto com qualidades únicas.

Na produção desta aguardente são utilizadas castas maioritariamente portuguesas, mais brancas do que tintas, sendo sempre usada uma mistura de várias, todas elas de produtores da região. “É deles [dos produtores da região] que dependemos para a produção da aguardente”, sublinha Nádia Santos.

Adega Cooperativa da Lourinhã

Na verdade, existem regras a cumprir e há que “utilizar as castas recomendadas e autorizadas”, cujas características “são uma elevada acidez e um baixo teor alcoólico”.

“Os nossos vinhos, sem adição de sulforoso ou produtos enológicos, não têm mais do que 10° e, depois de destilados, dão uma excelente aguardente, bastante rica”, com um grau alcoólico entre 74º e 77º, explica a responsável.

  • Adega Cooperativa da Lourinhã
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    Prosseguindo com a descrição de todo o processo, na etapa seguinte segue-se a parte do envelhecimento, em que a adega cooperativa se foca mais na colocação das madeiras utilizadas para o seu estágio, como o carvalho nacional, o carvalho francês e castanheiro. Aqui ficam “no mínimo cinco anos em barris com capacidade até 800 litros, em várias tostas, desde a média, a ligeira e a forte”.

    Com orgulho, Nádia revela-nos que a zona do envelhecimento, devido ao álcool evaporado, é chamada “a zona dos anjos”. Certo é que aqui a magia se sente.

    O tempo é a nossa maneira de viver. Temos de saber esperar, saber o tempo que tem de estar em madeira e em garrafa. É uma aguardente que não se estraga, só evolui

    Adega Cooperativa da Lourinhã
    Adega Cooperativa da Lourinhã
    Adega Cooperativa da Lourinhã

    “É esse poder da resistência que nos dá mais força”, sublinha Nádia Santos. Com uma produção pequena e métodos tradicionais, como a rotulagem manual, aqui trabalham quatro funcionárias. “Todas nós gostamos de aguardente”, confessa, entre risos.

    Respiramos aguardente e damos o nosso melhor todos os dias. Temos de fazer lote ou vamos todas para o enchimento, ou temos todas de rotular e depois vender. Temos de saber qual a melhor aguardente, a mais conhecida no mercado, o tipo de marca. Todas nós provamos a aguardente antes de sair para o mercado

    Nos últimos anos, a adega tem resistido através de ferramentas de marketing gratuitas que permitem comunicar bem a marca.

    E também através do enoturismo, que é a forma de dar “a conhecer a região e todo o processo que aqui se passa, desde a produção, o envelhecimento, a rotulagem até à prova”.

    Adega Cooperativa da Lourinhã

    Muita gente não sabe como deve provar a aguardente e até esse processo é ensinado aqui na nossa adega

    De acordo com a responsável, esse é o modo mais interessante de a levar mais longe, de criar o “passa-palavra” e de a diferenciar das outras adegas.

    Os planos para o futuro também incluem colocar novos produtos no mercado, com novas garrafas e nova imagem. “Estamos cada vez mais abertos a novas parcerias. Aqui na Lourinhã temos os bombons com aguardente, os pastéis com aguardente e também um gin.”

    A Adega Cooperativa da Lourinhã espera por si, com a promessa de um dia muito bem passado.

    Adega Cooperativa da Lourinhã

    A alma da Adega Cooperativa da Lourinhã: É a alma das várias pessoas por onde passa todo o processo, diz-nos Nádia. “É um produto que, quando chega ao cliente final, já passou por tantas outras gentes. É um trabalho de equipa, de entreajuda que dá origem à aguardente DOC Lourinhã. Nós, sozinhos, não somos nada”, conclui.

    A sugestão da ACL: Por norma, a aguardente é um digestivo, devendo ser servida no final de uma boa refeição e em copo balão, explica Nádia Santos. “Como é uma aguardente vínica bebemos de forma calma. Tentamos que ela passe na boca, engolimos lentamente e expiramos, ou seja, fazemos aquele movimento de soprar. E o que acontece? É uma aguardente que nos leva a sentir no nariz os aromas que sentimos na boca. Ela é quente, mas não arde”, descreve.

    Review

    Deveria ser um orgulho para todos os portugueses. A Adega Cooperativa da Lourinhã é o resultado do esforço de todos, do manter vivo através de quem lá trabalha um dos produtos mais importantes para a região. Produzida através da entreajuda de vários sócios e do excelente trabalho das quatro mulheres que nos receberam com muito carinho e conhecimento. Cada garrafa é única e a passagem para uma prova é obrigatória. Chegamos sem gostar de aguardente e saímos a saber que afinal nunca a soubemos provar. Foi uma experiência incrível e que, afinal, fará parte das nossas mesas em dias de celebrações.

    Adega Cooperativa da Lourinhã

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