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Episódio 7

Quinta do Sanguinhal

O Sanguinhal, um bisavô e Fernando Pessoa. O grande poeta português tem uma garrafa de vinho – uma marca – registada em sua homenagem pelo homem que, há praticamente cem anos, comprou a Quinta do Sanguinhal e a transformou num ícone da Região Demarcada de Óbidos. Uma história, rica em história, que não pode ser perdida.

Há quatro gerações nas mãos da mesma família, a Quinta do Sanguinhal, no concelho do Bombarral, ergue-se imponente, com uma vista única para a serra de Montejunto. Nem sempre pertenceu à mesma família, mas em 1926 foi adquirida por Abel Pereira da Fonseca e transformada numa quinta icónica, com características valiosas para a produção de vinhos na região do Bombarral.

A secular história da Quinta do Sanguinhal começa com o bisavô de Ana Reis, responsável pelo enoturismo da quinta, que nos fala com orgulho de “um homem empreendedor e visionário que revolucionou a própria vila do Bombarral”. Já era bastante conhecido no mundo dos vinhos por ser um grande comerciante do setor vínico e, a dada altura da sua vida, decidiu aproveitar a oportunidade de comprar a quinta que estava à venda. Entretanto, adquiriu também outras duas: a Quinta das Cerejeiras e a Quinta de S. Francisco que, em conjunto, formam a Companhia Agrícola do Sanguinhal.

A decisão de investir na região do Bombarral foi o primeiro passo para esta história de sucesso e excelência aqui desvendada, através de uma visita guiada na companhia da All Aboard Family.

Quinta do Sanguinhal

A Quinta do Sanguinhal beneficia de condições únicas para a produção de vinhos de grande qualidade, principalmente tintos, mas também brancos, espumantes entre outros. A região, o terroir e a vizinhança do Atlântico proporcionam “uma frescura sempre muito presente nos nossos vinhos, transversal a todos eles”, descreve Ana Reis, enquanto passeamos pelas vinhas e pelo magnífico jardim do século XIX. O facto de ser uma região mais húmida, “favorecida pela proximidade ao Montejunto, sem grandes amplitudes térmicas” e que permite “maturações mais lentas”, é a combinação perfeita das “características ideais para os nossos vinhos e para uma variedade imensa de castas”, refere.

Quinta do Sanguinhal

Um dos grandes trabalhos do bisavô de Ana Reis foi a organização das castas. Afinal, “na altura, nada disto estava armado, não estava organizado por castas, como nos dias de hoje podemos ver”. De destacar, segundo a responsável, as vinhas de Moscatel Graúdo e a Vital, “porque é uma casta que dá a característica essencial de vitalidade aos vinhos. Mas também temos a Sauvignon Blanc”. Já nas tintas, salienta a Castelão, a Aragonês, a Tinta Miúda, a Touriga Franca e a Touriga Nacional.

A região, o terroir e a vizinhança do Atlântico proporcionam uma frescura sempre muito presente nos nossos vinhos, transversal a todos eles

Esta imensa variedade é utilizada para produzir os diversos vinhos que saem desta histórica herdade, os quais já conquistaram reconhecimento nacional e internacional.

Atualmente, os proprietários e gestores da quinta assumem como missão produzir vinhos tranquilos, vinhos licorosos e aguardentes, que celebram e sustentam a singularidade de Portugal e da região onde operam. O que sai da Quinta do Sanguinhal, como Ana Reis gosta de dizer, é “É um néctar autêntico que faz as delícias dos entusiastas dos vinhos.”

Quinta do Sanguinhal
Quinta do Sanguinhal
Quinta do Sanguinhal

Ana Reis assume-se como uma apaixonada pelo enoturismo. “É mais do que o meu trabalho. É uma paixão, algo que eu levo muito a sério”, que se estende a todos quantos aqui trabalham. E o enoturismo na Quinta do Sanguinhal tem vindo sempre a crescer e a inovar. A pandemia de covid-19 obrigou a uma revolução, a um verdadeiro recomeço, na oferta da Quinta do Sanguinhal. Se, até então, a oferta passava por uma visita e uma prova de vinhos, “começámos a organizar eventos onde convidávamos as pessoas a usufruir de um copo de vinho, ao som de uma boa música, e a experimentar outro tipo de sabores”. A responsável relembra uma parceria com um casal de americanos que se enamorou pela região e criou um projeto inovador, especializado na preparação de comida oriental. “Eles preparavam vários tipos de comida para harmonizar com os nossos vinhos, e tudo isso acontecia ao som de músicos que estavam no local a atuar.”

Começámos a organizar eventos onde convidávamos as pessoas a usufruir de um copo de vinho, ao som de uma boa música, e a experimentar outro tipo de sabores

Hoje, a Quinta do Sanguinhal oferece aos visitantes a oportunidade de explorar os jardins e as vinhas, fazer visitas guiadas à adega, uma antiga destilaria totalmente recuperada com 300 m2, e à cave de envelhecimento com 36 tonéis. Aqui ficamos a conhecer o processo de vinificação e a história da propriedade. Mas há mais. Podemos desfrutar de deliciosas refeições servidas em buffet e provas de vinhos, que permitem conhecer a diversidade vínica da herdade e apreciar as suas características únicas.

A propriedade possui, ainda, uma encantadora casa senhorial que contribui para o fascínio geral da quinta. Este edifício, carregado de história, também está disponível para eventos.

Quinta do Sanguinhal

A sugestão da Quinta do Sanguinhal: O grande e único poeta Fernando Pessoa era um habitué das lojas de Abel Pereira da Fonseca, em Lisboa, antes ainda de este ter comprado a Quinta do Sanguinhal.

A bisneta mostra, com especial orgulho, uma revista com uma fotografia de Pessoa a beber um copo de vinho ao balcão de um dos estabelecimentos do bisavô. Se esta fotografia já é especial por si só, as dedicatórias nela constantes ao seu amigo e conterrâneo Carlos Queirós ainda a fazem brilhar mais. Assim está escrito: “Carlos: isto sou eu no Abel e isto é já próximo do paraíso terrestre, aliás, perdido”, conta-nos Ana, enquanto abre a especial e icónica garrafa.

Como homenagem, o bisavô de Ana Reis devolveu o gesto, criando e registando a marca Casa Abel, dedicada a Fernando Pessoa, o poeta dos heterónimos.

A alma da Quinta do Sanguinhal: A dedicação da família às tradições vitivinícolas e o seu empenho em produzir vinhos excecionais dão à Quinta do Sanguinhal uma reputação de excelência. Mas esta quinta é muito mais, sublinha Ana Reis. É “uma casa de família, uma casa com produção centenária e característica de vinhos que já vai na quarta geração. Os meus filhos serão, portanto, a quinta geração da família Pereira da Fonseca a gerir esta propriedade, com a mesma paixão e dedicação do meu bisavô, mas, naturalmente, adaptada ao século XXI”. É esta a alma da Quinta do Sanguinhal. “Uma casa com vida, com alma, onde existe uma qualidade de vida, paz e beleza extraordinárias”, que se refletem na grande qualidade dos vinhos.

Review

Numa quinta onde a conversa descontraída se fez entre vinhas, compreendemos todo o amor por detrás de cada garrafa. Uma quinta familiar e cheia de histórias onde um dos segredos é a paixão pelos vinhos.

Quinta do Sanguinhal

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