Entre o mar e as serras há um território vinhateiro, conhecido pela elegância dos brancos e supremacia dos tintos, a descobrir, visitar e provar. De copo na mão, aventure-se pelas boas castas, boas vinhas e bom vinho da Região Demarcada de Vinhos de Lisboa.
Vinhos há muitos, mas nenhum como o vinho da Região de Lisboa. A localização, o clima atlântico, os solos e as castas desta região resultam em vinhos de soberba qualidade que o vão deixar sem palavras. Ou não seria Lisboa uma das poucas capitais do mundo com uma grande região vitivinícola com o seu nome, que nos convida a mergulhar no mar de vinhas avistadas estrada afora, desde o seu interior até, literalmente, à costa atlântica.
Em 2019, a Região Demarcada dos Vinhos de Lisboa foi eleita uma das maiores referências internacionais do mundo dos vinhos pela Wine Enthusiast, considerada um dos dez melhores destinos mundiais vínicos a visitar.
Para desconhecimento de alguns turistas e até de lisboetas mais distraídos, da Região Demarcada de Vinhos de Lisboa surgem aromas, cores e texturas que tornam este património diferente de todos os outros.
Os vinhos de Lisboa são mais do que um acompanhamento à mesa. São um companheiro de viagens, de memórias e de descobertas. Fique a conhecer o terroir único, as castas mais populares da região e as denominações de origem.
Os vinhos da região de Lisboa são sinónimo de um terroir único que é muito diverso e bastante distinto das demais regiões vinhateiras portuguesas. Da conjugação entre a topografia, influência atlântica, continentalidade, temperatura, pluviosidade, solos e vento surgem características de exceção que dão origem a vinhos frescos e com uma salinidade fora de série, o que os torna especialmente gastronómicos.
A variedade dos solos, o relevo ondulado com as suas mil encostas e exposições solares, a influência das serras e a proximidade do Atlântico e das brisas salgadas marcam todo o clima envolvente e fazem com que cada casta se manifeste de forma diferente.
São várias as castas da Região Demarcada dos Vinhos de Lisboa que nos convidam a descobrir um dos mais fascinantes territórios vinhateiros.
Na trilogia das castas brancas, constam a Arinto, a Fernão Pires e a Vital.
Arinto: é considerada a rainha das castas brancas, apresenta-se vigorosa e com grandes cachos de baga miúda, que dá origem aos melhores vinhos e espumantes do terroir de origem. Uma casta com as suas particularidades nos seus aromas intensamente frutados, em que se destacam os frutos citrinos e outros frutos de caroço, que conquista os corações de quem a consome.
Fernão Pires: está presente em quase todas as vinhas da região e permite a obtenção de uma panóplia de diferentes estilos de vinhos. Normalmente, origina vinhos de grande classe, com aromas finos de frutos cítricos e maçãs verdes. Na Região de Lisboa encontra as condições ideias para exprimir as suas melhores virtudes.
Vital: é uma casta caprichosa e difícil de trabalhar na vinha, que pode produzir vinhos notáveis de grande complexidade e com capacidade para evoluírem em garrafa durante muitos anos.
No grupo das castas tintas, destacam-se a Castelão, a Ramisco, a Tinta Miúda e a Touriga Nacional.
Castelão: é uma das grandes castas tintas portuguesas. Os vinhos apresentam uma linda tonalidade granada intensa e notas aromáticas de frutos vermelhos e de bagas silvestres. Com o envelhecimento, surgem notas de compota e nuances balsâmicas a lembrar eucalipto.
Ramisco: é a casta que surpreende com a sua acidez elevada e taninos intensos, mas após o envelhecimento é suave e com aromas apaixonantes. A Ramisco, em Colares, dá origem a vinhos de guarda excecionais que divulgam o nome dos vinhos de Lisboa pelo mundo.
Tinta Miúda: é uma casta que tem a capacidade de produzir belos vinhos encorpados, com uma sensação aveludada, e que possui uma grande capacidade de envelhecimento. Quando originária de Alenquer, Torres Vedras ou Arruda, torna a sua prova um momento inesquecível.
Touriga Nacional: é uma das castas mais apreciadas em Portugal, cativando os portugueses com a sua cor intensa e os seus aromas florais e frutados. Na Região Demarcada dos Vinhos de Lisboa, diferencia-se pelo seu caráter atlântico.
Carcavelos, Colares, Bucelas, Arruda, Alenquer, Torres Vedras, Lourinhã, Óbidos e sub-região Ourém de Encostas d'Aire. As nove denominações de origem da Região Demarcada dos Vinhos de Lisboa são ponto de partida para a diversidade dos seus vinhos. Distinguem-se pelas paisagens e vales de declives suaves que nos convidam a descobrir, visitar e provar.
A diversidade dos vinhos de Lisboa começa logo na vinha, na escolha e no estudo de cada parcela e na seleção criteriosa das melhores castas a plantar. Eleitas as castas, cada produtor procura transpor para os seus vinhos um terroir com base na sua experiência e cunho pessoal.
O território de Lisboa é ímpar, desde logo, pela história das suas vinhas. No total, são dez mil hectares de vinha certificada, onde trabalham duas mil famílias de viticultores. Ao longo dos séculos, todos os produtores da região aprenderam a viver ao ritmo das estações para produzir aromas, cores e texturas que tornam este património diferente de todos os outros.
A natureza procura o equilíbrio entre a acidez e a mineralidade que conferem a frescura tão típica nos vinhos de Lisboa e o equilíbrio de açúcares e polifenóis que lhes proporcionam cor, estrutura e aromas.
Da elegância dos brancos à supremacia dos refinados tintos, os vinhos de Lisboa assumem a sua melodia própria com garantia de genuinidade, autenticidade e qualidade. Para ocidente faz-se o raro licoroso de Carcavelos e, em Colares, nascem vinhos feitos a partir da casta Ramisco e Malvasia, plantadas em chão de areia. Em Bucelas, destaca-se a Arinto, rainha das castas brancas e, em Arruda, as variedades da uva tinta que resultam em vinhos singulares, robustos e intensos que devem ser desfrutados calmamente.
De passagem por Alenquer, encontra os tintos vibrantes e brancos surpreendentes. Em Torres Vedras? Os brancos frescos e aromáticos. Já o clima ameno de Óbidos confere grande elegância aos vinhos, sendo também favorável à produção do chamado Vinho Leve Lisboa, frutado, fresco e com baixo teor alcoólico.
Com notas de salinidade e frescura, vale a pena conhecer também os vinhos da Encosta d'Aire, sem esquecer o vinho Medieval d'Ourém, produzido segundo as técnicas ancestrais dos monges de Cister, e não deixe de provar a qualidade e singularidade da aguardente da Lourinhã, um dos tesouros da Região de Lisboa.
DOC Encostas D'Aire
Ricos em aromas primários e acidez equilibrada
DOC Óbidos
Muito frutados no aroma, boa acidez e bom potencial
de envelhecimento
DOC Lourinhã
Aromas especiados, elegantes e muito persistentes na boca
DOC Torres Vedras
Aromas muito frutados, excelente acidez e boa capacidade
de envelhecimento
DOC Alenquer
Excelente bouquet, cítricos e encorpados
DOC Arruda
Boa concentração, muito equilibrados e aveludados
na boca com estágio
DOC Bucelas
Boa fruta, mineralidade e acidez crocante responsável
por excelente evolução com a idade
DOC Colares
Aroma delicado, acidez robusta e taninos bastante presentes
quando jovens
DOC Carcavelos
Aromas complexos, acidez vibrante e doçura equilibrada
1
Mais de 80% da produção da Região Demarcada dos Vinhos de Lisboa é exportada para mais de 100 destinos diferentes.
2
Sabia que o vinho de Colares é mencionado 32 vezes nas famosas obras de Eça de Queiroz?
3
O vinho Generoso de Carcavelos nasceu na Quinta do Marquês de Pombal em Oeiras.
4
Bucelas é considerada a Capital do Arinto, região onde a casta exprime a sua máxima potencialidade qualitativa.
5
A DOC Lourinhã é uma das três únicas Regiões Demarcadas do mundo reconhecidas exclusivamente para a produção de aguardente vínica, a par das regiões francesas do Cognac e Armagnac.
6
Sabia que a casta Malvasia, localizada maioritariamente junto da costa Atlântica, adquire caraterísticas aromáticas únicas no mundo?
7
Alenquer e Torres Vedras foram eleitas “Cidade Europeia do Vinho” em 2018.
8
O vinho Medieval d'Ourém é produzido segundo as técnicas ancestrais dos monges de Cister.
9
O Vinho Leve de Lisboa produz-se na região há mais de 3 séculos. É o resultado de um terroir muito específico, entre o mar e a serra, que produz vinhos de baixo grau alcoólico, frutados e muito versáteis.
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